A tecnologia blockchain aliada ao conceito da Economia Circular tem potencial de transformar a nossa relação de consumo e conexão com o ecossistema das marcas nas próximas décadas. Os consumidores, cada vez mais exigentes, conectados e que buscam comprar de marcas com posicionamento socioambiental, estão pressionando o mercado a entregar produtos e serviços mais transparentes. Esta mudança de comportamento, aliada à escassez cada vez maior de matérias-primas, tem desafiado a indústria a se reinventar, buscando processos ecologicamente e socialmente mais eficientes. 

A Economia Circular olha para além do modelo tradicional (atual) de extrair, produzir, usar e descartar. O conceito é pensar o produto desde a sua concepção (design), buscando não só formas de maximizar a sua vida útil, mas também de retornar, reusar, reparar e reutilizar (reciclar) partes (ou todo) em novos produtos da cadeia ou até mesmo servir como insumo para outras. Isto é conhecido como “design” do berço ao berço, ou “cradle-to-cradle” em inglês. 

Uma cadeia de valor circular melhora o desempenho ambiental, trazendo de volta bens e materiais, como embalagens, para que a indústria possa recuperar valor. Além do ganho ambiental, as vantagens econômicas deste processo são enormes, pois introduzir insumos de retorno diminui a pressão por matérias-primas virgens, custos e riscos de quebra da cadeia. No entanto, com fluxos de materiais e informações heterogêneos, o desafio de gerenciar fornecedores, logística, clientes e parceiros se torna muito mais desafiador. É preciso digitalizar a cadeia e buscar formas de coletar e analisar informações em tempo real para melhorar a tomada de decisão e, assim, otimizar processos.

Outro desafio enfrentado pelas cadeias é a garantia de segurança e confidencialidade das informações compartilhadas. Esta, inclusive, é uma das principais características que precisam ser trabalhadas e comunicadas com a cadeia, pois dificilmente algum fornecedor irá compartilhar informações que, além de sensíveis, são estratégicas para o seu negócio, com elos que não necessariamente confiam entre si. Neste ponto, a tecnologia blockchain tem o potencial de mudar esta relação de confiança, pois ao criar-se um canal de comunicação segura entre os elos “certos”, a informação passa a trafegar somente para pessoal permitido, ou seja, o risco de “vazamento” da informação é retirado. Para a questão da confidencialidade dos dados é importante que a empresa tecnológica esteja de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e também busque implementar mecanismos que controlem a visualização de informações pelos elos. 

O resultado é que no momento que temos todos estes aspectos “azeitados”, ou seja, quando temos a visibilidade da cadeia, de preferência em tempo real, compartilhamento de informações e controle de acessos, é possível melhorar consideravelmente os processos e a gestão da cadeia de forma a garantir que um modelo de Economia Circular possa ser implementado de forma eficiente no ecossistema da marca. As tecnologias da chamada “Supply Chain 4.0” chegaram para ajudar as indústrias neste processo de implementação, pois trazem mais segurança, agilidade e inteligência para um setor que está carente de ferramentas que ajudem na gestão desta complexa cadeia. Agora é opção estratégica de cada empresa iniciar o quanto antes a mudança na forma de gerir a sua cadeia de valor, colocando o cliente no centro das decisões. O que se sabe é que este movimento já está acontecendo e as empresas que saírem na frente terão, certamente, uma vantagem competitiva sobre as demais.

Saiba mais sobre Mateus Bonadiman: Co fundador da @lotsappio, onde lidera o desenvolvimento da plataforma blockchain voltada para gestão da cadeia de suprimentos circular. Possui experiência de mais de 10 anos de empreendedorismo, tendo atuado em empresas de tecnologia e consultoria ambiental.

O Mateus esteve conosco no nosso último evento online e gravamos para você. Assista o conteúdo na íntegra.