Por Thiago Rossi – pesquisador do IcoLab e facilitador do SIG de ReFi
Da teoria da Tragédia dos Comuns de Garret Hardin, em 1968, até a visão de David Bollier em Além dos Estados e Mercados, passando pela perspectiva de Elinor Ostrom sobre a gestão de bens comuns e bens públicos, podemos dizer que essas ideias moldaram o nosso entendimento sobre o uso e a preservação de recursos compartilhados.
Aqui neste texto, queremos trazer a discussão sobre o papel da tecnologia blockchain no uso e na conservação dos recursos naturais, dos bens comuns e como a abordagem das finanças regenerativas será um caminho para acelerar a adoção de práticas sustentáveis e ESG.
Entendendo bens públicos digitais e os bens comuns
A teoria da Tragédia dos Comuns, proposta por Garret Hardin, alerta para os perigos do uso não regulamentado de recursos compartilhados. Segundo Hardin, os indivíduos agiriam em seu próprio interesse, levando ao esgotamento dos recursos comuns. No entanto, a perspectiva de Elinor Ostrom desafia essa visão, demonstrando que comunidades podem de fato gerir de forma sustentável bens públicos por meio de acordos coletivos e sistemas de governança eficazes. Além disso, David Bollier, em seu livro Além dos Estados e Mercados, argumenta que os bens comuns não podem ser adequadamente compreendidos dentro das estruturas convencionais de mercado e Estado, defendendo a necessidade de uma abordagem mais holística e participativa.
O papel da blockchain em bens públicos e bens comuns
A tecnologia blockchain surge como uma ferramenta promissora na gestão de bens públicos e comuns por sua capacidade de criar registros transparentes e imutáveis, oferecendo novas possibilidades para a governança descentralizada e a proteção de recursos compartilhados. A aplicação da blockchain em projetos relacionados a bens comuns, como a gestão de terras ou a rastreabilidade de recursos naturais, tem o potencial de aumentar a transparência e a confiança nas práticas de uso e preservação desses recursos.
Blockchain e Finanças regenerativas: Uma nova abordagem para a regeneração ambiental e Social
As finanças regenerativas, ou ReFi, representam uma abordagem inovadora para a regeneração ambiental, indo além da simples sustentabilidade, buscando ativamente restaurar os ecossistemas e comunidades prejudicados. Através do reconhecimento da interconexão entre os sistemas naturais e sociais, procura catalisar investimentos que promovam a regeneração ecológica e a justiça social. Ao direcionar recursos financeiros para projetos e iniciativas que têm impacto positivo na regeneração ambiental, o movimento de ReFi pode desempenhar um papel crucial na aceleração da recuperação de ecossistemas degradados e na promoção de comunidades resilientes.
Exemplos de como o ReFi e a gestão comunitária de bens comuns têm aplicabilidade podem ser encontradas na conservação de florestas, na preservação de recursos hídricos por meio de acordos coletivos e na implementação de sistemas de energia renovável descentralizados.
Conclusão: O futuro dos bens públicos digitais e bens comuns na regeneração social e ambiental
À medida que avançamos em direção a um futuro de desafios ambientais e sociais cada vez mais prementes, os bens públicos digitais e os bens comuns assumem um papel central na aceleração da regeneração social e ambiental. A integração de tecnologias inovadoras, como a blockchain, com abordagens de governança participativa e finança regenerativa, oferece novas perspectivas e oportunidades para promover a regeneração ambiental de forma abrangente e eficaz. Ao compartilhar nossa News, você contribui para a disseminação dessas ideias e para a construção de um futuro mais sustentável e regenerativo.