Tecnologia Blockchain, uma simples e breve explicação


Claudio Gottschalg Duque Pesquisador associado iCoLab

A Tecnologia Blockchain, proposta em 2008 por um pseudônimo, “Satoshi Nakamoto”, é entendida de uma maneira bem simplista, como sendo a junção de técnicas de criptografia com computação distribuída. É considerada a “tecnologia da verdade” e foi desenvolvida e está sendo aprimorada como solução para o problema global da crise de confiança na rede.

Há autores que argumentam que, devido aos recursos exclusivos dessa tecnologia, a necessidade de confiança é praticamente nula, razão pela qual, às vezes, é chamada de tecnologia “sem confiança”. Porém, na prática, essa tecnologia não elimina a respectiva necessidade; ela oferece substituição para a confiança tradicional por substituir-se a informação que não se tem, por  outras fontes que merecem a credibilidade, por extensão e isso se bastaria à validação. 

A Tecnologia Blockchain é entendida como sendo a tecnologia que serve para substituir os métodos mais tradicionais e, frequentemente, muito ineficientes ou falaciosos de se obter essas informações e estabelecer a confiança (por exemplo, laços sociais de longo prazo, contratos legais ou informações fornecidas por intermediários “confiáveis”) com uma nova e mais eficiente fonte de informação como base para a confiança. 

A substituição de informações necessárias para a confiança é alcançada em Sistemas Blockchain, basicamente, através de 3 maneiras:

  1. Mecanismos de incentivo: a Tecnologia Blockchain é projetada para incentivar os atores sociais a comportar-se adequadamente (por exemplo, por meio de mecanismos de recompensa baseados em criptomoeda em alguns Blockchains); as partes que interagem sabem disso e, portanto, têm confiança para agir sem pleno conhecimento um ao outro;
  2.  A criação e manutenção de registros: a Tecnologia Blockchain destina-se a produzir dados finais, registros definitivos e imutáveis, usando criptografia, estabelecendo assim inviolabilidade e comprovação das ações ocorridas e 
  3. A descentralização: a Tecnologia Blockchain opera como uma rede peer-to-peer distribuída, na qual os participantes geralmente não operam sob nenhuma autoridade centralizada, em vez disso, os participantes são autônomos, embora operando de forma coordenada porque são incentivados a fazê-lo. Por eles serem autônomos, o que torna o conluio difícil, que os registros gerados nesses sistemas podem ser confiáveis. Estas únicas características fornecem uma base para fazer reivindicações sem contestação (por exemplo, “Eu criei esta obra de arte”) ou para impedir que maus atores repudiam suas ações (por exemplo, para fins fraudulentos).

Para Lemieux (2019) a Tecnologia Blockchain pode ser representada pelo modelo composto de 3 camadas distintas, a camada social, a camada de dados e a camada tecnológica. Na camada social temos instituições legais, regras e regulamentações, a camada na qual os atores sociais interagem uns com os outros e determinam quanta informação eles precisam, e de que forma; Na camada de dados a informação que os atores sociais decidiram que precisam adquirir do Sistema Blockchain para obterem confiança para agir; Por fim, a camada técnica, os meios técnicos pelos quais os atores sociais interagem e criam, armazenam e obtém informações sobre essas interações como invioláveis e como prova não repudiável de fatos sobre os atos.

Cada uma dessas camadas interopera com o objetivo de alcançar transações confiáveis. A capacidade que os Sistemas Blockchain possuem permite que as pessoas que os utilizam decidam de maneira coletiva como governar e operar o sistema; como validar a correção do sistema, com cada usuário sendo capaz de garantir que o sistema opere da maneira esperada e caso alguns usuários percam suas cópias dos dados, esses dados podem ser recuperados de outros usuários de maneira verificável.

Embora seja uma tecnologia existente há mais de década, somente, recentemente, surgiram aplicações realmente úteis aos cidadãos comuns, como verificar a procedência de produtos, garantir autenticidade de documentos e transações comerciais; proteger a privacidade e identidade das pessoas etc. O potencial de aplicações continua a crescer e o tempo nos dirá o que realmente será possível realizar socialmente com essa tecnologia.

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